Ainda não aprendi dizer adeus


Um dia pretendo estar em algum programa de televisão, contando como obtive o sucesso, e ouvir aquela pergunta clichê: “Que frase você leva para si como lema? ”. Bem, o sucesso ainda não foi alcançado, mas a resposta está na ponta da língua: “A vida pode ser equiparada a uma estação de trem, as pessoas chegam e logo partem, algumas ficam mais tempo que outras, mas no final todas partem”. Dia desses estava pensando sobre essa frase, podemos ter tantas interpretações sobre isto, tentarei ao longo do tempo retomar esta e trabalhar os outros sentidos, mas hoje, gostaria de falar sobre um em especial: Partidas. Doloridas de viver e difíceis de aceitar, mas creio que pior ainda é falar sobre. Minha história com a perda de pessoas começa novo, existiram algumas anteriores, mas como era novo e não as senti não faz sentido algum comenta-las ou se quer conta-las. Voltaremos quase treze anos ao passado, possuía por volta de sete anos e mesmo com tão pouca idade vi o casamento de meus pais chegar ao fim e do dia para a noite percebi que havia perdido meu pai, não, ele não morreu, mas seguiu sua vida. Mesmo mantendo contato e passando alguns finais de semana juntos ele partiu como pai e assumiu o papel de um amigo, talvez um irmão mais velho brincalhão e irresponsável. Após algum tempo desta perda, devido a alguns problemas de saúde dos meus avós ficamos muito próximos deles e sempre os auxiliando no que precisavam. Foram tempos difíceis, mas o pior estava para vir, a perda desta, mesmo que desgastante, rotina seria mil vezes mais dolorida e complicada do que imaginávamos. Depois de praticamente oito anos desta rotina vi meus avós partirem, com menos de três anos entre um e outro. Junto deles se foram milhares de momentos que compartilhávamos e planos que tínhamos. Lembro, como se fosse ontem, minha avó falando que queria me ver formado, sabíamos que seria difícil, mas mesmo sabendo disto é impossível não a imaginar daqui a alguns anos assistindo a tão sonhada graduação. As pessoas partem sem mais nem menos, sem avisar, sem preparar, sem ao menos dar tchau. Já tentei me preparar para algumas perdas, durante os incontáveis dias que vi meus avós doentes tentei aceitar que um dia iria perde-los, mas nem oito anos foram suficientes. A dor da perda é, e será, sempre marcante. Talvez hoje, ao invés de pensar que posso perder as pessoas que amo e tentar me preparar para a partida eu as aproveite mais, de mais valor à família, a namorada e tantas outras pessoas que chegam sem avisar a nossa vida. Viver e aproveitar enquanto as temos talvez seja a melhor preparação, por que quando chega a hora de se despedir tudo o que resta são as lembranças e o acalento que dá reviver os melhores momentos juntos.

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